Dólar opera em alta contra o real e outras moedas após a vitória de Trump
Foi confirmada, na manhã desta quarta-feira (06/11), a vitória do republicano Donald Trump sobre a democrata Kamala Harris à presidência dos Estados Unidos. Desde a madrugada, enquanto o resultado da eleição norte-americana se consolidava, os mercados internacionais repercutem a volta do ex-presidente à Casa Branca, com o fortalecimento do dólar frente às principais moedas e a valorização dos contratos futuros de ações nos Estados Unidos.
Esperava-se uma eleição apertada, até ontem. Muito se dizia que o resultado final só seria conhecido depois de dias de contagem de votos. Quando o cenário norteou para uma vitória ampla de Trump, esta incerteza se dissipou. A partir disto, com o apoio popular, não só em termos de colégios eleitorais, mas de um resultado positivo para o republicano no Senado e na Câmara, ficou evidente uma visão sistêmica favorável ao republicano, no cenário que se próxima.
A vitória republicana, ganha força a política de “EUA em primeiro lugar”, que favorece o investimento doméstico, mas com o risco de aumentar a inflação e o déficit.
Além da pressão inflacionária e aumento do risco fiscal, esse retorno pode intensificar tensões geopolíticas, especialmente com a China. Setores como combustíveis fósseis, farmacêutico e empresas de pequena capitalização tendem a se beneficiar, enquanto Europa e China podem ser prejudicados. No mercado americano, o corte de impostos pode aumentar os lucros das empresas americanas, favorecendo o S&P 500, apesar de possíveis obstáculos legislativos.
O dia está marcado por perdas expressivas nas cotações das commodities, um reflexo justamente da expectativa de medidas protecionistas que podem prejudicar o crescimento da China. O ouro também cai hoje, porque o cenário de incerteza se dissipa.
A tendência é o dólar se manter forte frente a todas as outras moedas, pelo menos até que o mercado tenha maior visibilidade sobre se o republicano irá seguir em frente com a promessa de aumentar as tarifas de importação e com outras propostas econômicas.
A cotação do dólar, no Brasil, já mostra alta relevante. Caso não haja novidades sobre o pacote de corte de gastos no Brasil, a moeda pode testar R$ 6 tranquilamente.
O mercado fica agora ainda mais ansioso pelo pacote de redução de despesas do governo brasileiro. Isso porque a vitória de Trump desenha um cenário global de inflação mais alta, e por isso as medidas terão de ser ainda mais consistentes para segurar as expectativas sobre a trajetória do IPCA.
Com a maior propensão ao protecionismo, a vitória de Trump pode ser desfavorável às empresas brasileiras, que poderão enfrentar maiores dificuldades na exportação de seus produtos. As políticas do republicano podem moldar um ambiente desafiador para empresas brasileiras com grande exposição ao mercado internacional, assim consideramos a exposição em ativos que se beneficiam do dólar mais forte e são menos concentradas em China.
Além do resultado eleitoral nos EUA e da expectativa sobre um anúncio do governo brasileiro quanto aos gastos, a agenda desta quarta-feira tem ainda a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom). Para quem tem dinheiro em caixa, pode ser uma boa hora também de encontrar oportunidades.
*Com informações da Agência Estado
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